Páginas

Gastronomia

É a gastronomia que inspeciona os homens e as coisas, para transportar de um país a outro lado o que merece ser conhecido, fazendo que um festim cuidadosamente organizado seja como um resumo do mundo, em que cada parte comparece por intermédio de seu representante.

Brillat Savarin, em A Fisiologia do Gosto

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Moqueca capixaba preparada no Nordeste (Sergipe)


                    A moqueca capixaba é especial para nós, os filhos desta terra abençoada
                    pelo Espírito Santo e também, todos os comensais que apreciam frutos do 
                    mar. Este é um prato tradicional do estado e em todos os lugares que
                    ele é preparado, os cozinheiros, o tornam reconfortante, leve e cheio de histórias.


Celso Perota, historiador capixaba, afirma que a panela de
barro é de tradição dos índios e negros que habitam o ES
desde à colonização brasileira. Ela é diferente das demais
panelas de barro porque possui pegadores. Esse utilitário
é construído de forma artesanal em que são utilizados
dois tipos de matéria prima: a argila denominada
comumente de "barro" e do "tanino", que é retirado
das árvores dos manguezais.


                                                       Após a confecção da panela, ocorre um processo
                                                       de queima, chamado açoite. Tudo acontece através de uma
                                                       "vassourinha do mato" ou  "mexinga", feita de arbusto natural
                                                       que é mergulhado na tinta do tanino. Nesta hora, a panela
                                                       está superaquecida e adquire a cor negra.

                                                                                                                                                                 

O papel desempenhado pela Associação das Paneleiras
de Goiabeiras é importante pois as paneleiras contribuem
com a produção semi-industrial e a Prefeitura Municipal
de Vitória abona o trabalho feito à mão por essas mulheres
ao denotar o fato histórico e o reconhecimento à cultura
capixaba. Como utilitário para o preparo da moqueca
e da torta capixaba, a panela de barro encanta por sua
beleza e finalidade no preparo de pratos típicos da culinária
do estado.
                                                                                                                                                              
                                                        A tradição pesqueira e a herança da cultura índigena influen-
                                                        ciaram a culinária capixaba, tornando-a diferenciada, mesmo
                                                        com as influência dos portugueses, africanos e povos do norte
                                                        da Europa.
 
                                                        O nome "moqueca" denota uma forma de preparar o alimento   
                                                        com cozimento sem água, com os vegetais e frutos do mar.
                                                      
                                 
                                                        É preciso que saibam que a moqueca capixaba não recebe
                                                        azeite de dendê nem leite de coco, como ocorre  na baiana. 
                                                        Ela é servida com arroz branco e pirão.








        Pirão do caldo da moqueca
        capixaba, coentro, sal, azeite e
        farinha de mandioca.





    Imagine um fim de tarde tão belo,
    moqueca capixaba, conversas amigáveis,
música
    e uma rede para dormir!
    Isso aconteceu em Aracaju, Sergipe, Brasil
.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Momento especial: Escola Artes Culinárias Laurent, SP.








chef Laurent Suaudeau 
e Vanete Arrigoni no módulo Legumes/2008


 Foi emocionante o  encontro na Escola
de Artes Culinárias Laurent em SP/2008.
Com o chef Laurent, eu aprendi muitas
técnicas e o respeito à cozinha brasileira.
Ele sabe combinar o clássico europeu
com as frutas tropicais, a mandioquinha
com caviar através da mousseline e
a coxa de frango com laranja, manjerição
e chuchu.



Encontrei pessoas incríveis também e,
com muito prazer, provei da comida do
chef Laurent com seus sabores e cores
do Brasil e da França. Assim, nasceu
um estilo e porquê não? Uma escola.
O chef Laurent é um apaixonado
pelo Brasil e um formador de  novas
gerações de profissionais nessa área.
Ele, Laurent, seguramente, é um
dos grandes renovadores da cozinha
brasileira.
Merci pour tout, chef!






                                                                        

Tapenade: pasta de origem provençal.
Usa-se com legumes crus em saladas
ou torradas.
20g de azeitonas verdes sem caroços
20g de azeitonas pretas sem caroço
20g de tomate seco
150ml de azeite
1 colher de sopa de estragão picado
1 colher de sopa de manjerição picado
1 dente de alho
1 filé de anchova


Faça uma pasta com os ingredientes
bem picados. Logo em seguida, verifique
o sal. Misture-os ao azeite.
Guarde a pasta em frascos limpo
e bem fechados. Mantenha em lugar fresco.
Bon appétit!































































































quarta-feira, 28 de abril de 2010

Bananas flambadas ou melhor, assadas!



A banana da terra é uma delícia e, quando está madura, ela é maravilhosa
ao degustá-la através de vários tipos de cozimentos: frita, assada ou
cozida. Segundo pesquisadores da EMBRAPA, a banana da terra 
possui uma reserva maior de carboidratos do que as bananas para o
consumo ao natural. Portanto, elas são importantes componentes na
alimentação de milhares de pessoas dos países do sudeste da Ásia,
ilhas do Pacífico, do norte da América do Sul e da África.                                                                            
Aqui no Brasil, elas são consumidas, maduras. Os frutos da banana
da terra são energéticos(122kcal/100g), possuem vitaminas, minerais
e baixo teor de gordura.  Assim, é melhor comê-las em pequenas
quantidades.   
As vitaminas mais encontradas são  a C, B e A. O teor de vitamina C
é superior da banana para consumo ao natural e da maçã, e não
podemos deixar de citar que possuem 3,5% de celulose. Sendo,
portanto, uma boa fonte de fibras na dieta alimentar. 
Na minha família comemos a banana da terra assada e com certeza,
adoramos! Então, deixemos as informações da banana da terra de lado
e vamos direto para a cozinha ... (heehehe:)

 Banana Assada

Lave 6 bananas da terra  bem maduras e
descasque-as. Em seguida, coloque-as
num tabuleiro com água.
É necessário que elas estejam submersas
para obter um excelente cozimento: a glicose
surgirá a medida que a água secar.





Veja como elas ficam: douradas,
caramelizadas e surpreendentemente,
deliciosas!
Tempo de cozimento: 1h e 30m(forno alto)
Dica: Sirva com bolas de sorvete de baunilha
ou um sabor de sua preferência. Ah! Não se 
esqueça de usar sua imaginação!
Bon appétit!

Post Script: Banana flambada é entornar
certa quantidade de bebida alcoólica sobre
a banana, ateando-lhe fogo em seguida.

domingo, 4 de abril de 2010

Torta Capixaba


Por todos os cantos de Colatina, encontrei carros repletos de palmitos
in natura, vindos da Bahia e, também, de pequenas cidades do interior 
capixaba. Os preços variavam muito mas, o palmito, é um ingrediente
importantíssimo na preparação da torta capixaba. Dessa forma, ele não
pode faltar!
Essa iguaria capixaba,  foi criada pelos indígenas que usavam palmito 
misturado aos mariscos de nosso litoral.
Os portugueses, os descobridores, introduziram mais tarde, o azeite,
as claras em neve na cobertura, as azeitonas e o bacalhau. Surge
assim, a deliciosa torta da Semana Santa, isto é, a torta capixaba.
Há, portanto, outros dados que valem à pena comentar, como
atestou o chef francês Auguste Escoffier(1846-1935) que, em 1903,
afirmou: "graças aos portugueses, comemos bacalhau e eles 
foram os primeiros a introduzir esse peixe universalmente conhecido
e apreciado na alimentação".
Interessante é que o consumo de bacalhau em nosso país, aconteceu
em 1808, com a vinda da Família Real portuguesa para o Brasil, devido
a perseguição de Napoleão Bonaparte. Assim, o bacalhau entrou de vez
na culinária brasileira, ora pois pois.
Após a introdução dos ingredientes trazidos pelos portugueses, na
torta capixaba,  a herança índigena retorna através da panela de barro.
Concordo com o apoio irrestrito às paneleiras de Goiabeiras porque
a tradição deve continuar com o trabalho artesanal dessas guerreiras.
Não é fácil!
A torta é de execução árdua porém, não pode faltar na Semana Santa.

Vamos a receita?

Na véspera, dessalgue o bacalhau ,
colocando-o de molho na água fria,
trocando a água 6 vezes.
Afervente o bacalhau em água limpa
por 15 minutos até que ele fique macio.
Eu retiro a pele antes e depois,
as espinhas.
Desfio-o bem fino e reservo.


 
Corte o palmito em pedaços pequenos
e coloque-o em uma panela com água
e 1 colher de chá de vinagre.
Dica: o palmito não ficará escuro.
Ferva até que o palmito esteja cozido.
Deixe-o escorrer bem.

Faça moquecas diferentes: de sururu,
2  postas de badejo, camarão e ostras.
Use azeite com cebola e alho picados,
tomates picados (sem as sementes),
o coentro, a salsinha e a cebolinha.
Deixe cozinhar por alguns minutos.
Reserve- as.

Em outra panela grande, aqueça o
azeite com a cebola e em seguida,
adicione o alho.
Acrescente o bacalhau moído ou
desfiado com o palmito moído e as
azeitonas. Adicione as moquecas
de peixe e dos mariscos. Misture
tudo, mexendo sempre até a água
secar e o refogado ficar consistente.
Verifique o sal.

                                                       Bata as claras em neve e junte as
                                                       gemas. Misture 2/3 dos ovos ao refogado.
 


Unte tabuleiros, ramekins ou panelas
de barro (é claro) com azeite. 
Coloque o refogado nos recipientes.
Cubra-os com o restante das claras
em neve. Decore com as rodelas de
cebola e as azeitonas.








Leve ao forno preaquecido
e moderado por 25 minutos
até dourar. Sirva com arroz
branco e azeite.




Bon appétit!